sábado, 23 de outubro de 2010

"Sobrou só esse nó no peito, agora faço o quê?"

Ultimamente até as coisas tolas do dia a dia andam me prendendo. E várias coisas me atormentando. Fui confessar dia desses, obrigado, mas fui; o padre falou mais que eu, e eu só tive a chance de dizer dois estorvos meus. A comida, e a família. Não me sinto preocupado em comer, me sinto incomodado comigo mesmo. Meu corpo. Não minha alimentação e muito menos o meu colesterol e tudo mais. Pra minha idade, ser precoce ás vezes acarreta algumas preocupações para meus pais. Entendo, até. Mas não compreendo tanto minha mãe. Essa semana tivemos sérios atritos, gritamos bastante um com o outro e eu sinto que, deveria ter gritado mais. Me sinto fadigado, preso, sinto TANTA coisa boa e ruim dentro de mim, e sinto tanta vontade de expôr esses meus devaneios matinais, diários, e noturnos. E acho que quando eu me libertar, eu vou ser alguém mais comprenssivo.

Mas para me libertar, não vejo soluções, preciso ferir pessoas. Preciso gritar, chorar, me perder, e me achar de novo. Viajar, ser menos preguiçoso, ver gosto nas coisas de novo. Me diga, o que adianta viver, e não achar sentido em nada? Lamento ver que cheguei num ponto que nem eu mesmo via o caminho. Ando frio; "chorar, choro ás vezes, e é tão frequente". Sinto vontade de trabalhar, estudar, e me dedicar, sair pelo portão da frente de casa e não preocupar em estampar a cara aos outros. Sem dinamismo, sem mistérios, sem caras fechadas e mau-humor. Tento, ligo pra uma amiga da escola que também sente necessidade de se achar, mas sei que não é tão desesperadora quanto á minha, e começo a dizer: "Oi, tudo bem? Olha, eu to te ligando pra dizer que nesse momento eu to chorando por uma coisa que eu não sei, mas essa coisa não tem remédio e ela lateja dentro de mim como um caco de vidro no pé. E dói, dói tanto! Você pode me ajudar? Quero estar feliz sem estar triste, e estar triste estando feliz. Pode ocorrer? Há algum zero oitocentos que me socorra? Igreja, talvez? O que você acha? Não tenho tanta fé. Não posso me colocar dentro de alguma religião que meus olhos latejam. Meu coração grita, minhas mãos querem briga. Meus pés procuram caminhos mas meus olhos não os deixam sair de onde estão. A terra gira gira gira o tempo todo e eu me quero de novo. Mas... Quando foi que eu me tive?". Não, é óbvio que não saiu apenas um "Depois eu te ligo" e mais nada. Não funciona. Não comigo. Não agora. Mas quando? Quando é que tudo acaba ou quando é que eu vou aprender? Talvez nunca. Não com esta forma de viver.

Talvez eu precise de um impulso. Mas não adianta, nada: Mamãe vive me obrigando a comer o que o nutricionista diz, e eu não concordo. Não estou doente nem estou perto de ficar. Eu não consigo olhar pra papai sem ver quinze anos nas costas e de pura incapacidade de perdoar e afundar mágoas. Não consigo. A família almoça, as tias e a avó chegam e todo mundo come. Aparentemente felizes, e vejo que não sabem fingir direito. Não há ninguém feliz e nenhuma família feliz. Muito pelo contrário. Pelo menos comigo, não, não está tudo bem. Não tenho silêncio, não tenho nada além de uma migalha de esperança que me resta, e ela oscila como jamais oscilava. Penso que não sou forte o bastante pra conviver, e que sou dramático demais pra ir em frente, mas não sou e não é assim. Pra mim, esse vazio é excessivo é extenso, e por eu não conseguir explicá-lo, ele se torna mais vazio e mais louco do que parece.

Eu queria sair por aquela porta e horas depois receber telefonemas dizendo que sentiram minha falta. Eu ás vezes desejo que algo devastador aconteça para aí sim ter razão pra sofrer. Eu queria ter a mínima responsabilidade de ter um canto meu e que nesse canto eu não dependesse de ninguém. O que mais escuto são claro, vozes de gente, mas dizendo sempre que a gente precisa do próximo. Eu sei, sei que preciso, sei que é necessário ter amigos e sentir amor. Amor eu sinto, eu acho, mas é algo que ainda está amadurecendo dentro de mim mas eu me sinto feliz em senti-lo. Sinto feliz por ouvir que sou a esperança de alguém mesmo sabendo que não me resta tanta. Vou encontrá-lo e esqueço por alguns segundos que tenho um caco de vidro que não solta do meu pé, e a dor cessa, e ele me abraça, e esbarra o nariz nos meus e diz que me ama, ficamos nus por um tempo, relembrando atentados á nós e eu me calo, não por ele, não por ninguém, nem por mim. Mas não sou prepotente ao ponto de achar digno ocupar o tempo de alguém aclamando motivos vazios e sóbrios que me fazem sofrer.

Por mais que seja difícil e pareça complicado pra mim, vou sonhar com alguém consertando minhas asas caídas, que estão me impedindo de levantar voo; acho que algum gancho está me puxando pra dentro, você vê? Me ajude á tirá-lo de perto de mim, me ajude a me libertar, todos somos anjos, inclusive eu, por favor por favor por favor, estão me impedindo de voar. 

Mas sabe, quando a gente menos espera, quando a tempestade do dia já passou, me resta uma enorme paz. Esperança renovada. Isso que eu sinto agora. Não preciso de ninguém para tirar este gancho de mim, eu mesmo o tiro. E por hora, consegui. Só não posso aterrissar de novo - e sabemos que isso vai acontecer - e como o que eu mesmo me cabi, vou me soltar sozinho, de novo e de novo. Preciso me sentir mantido. Os problemas fora da cabeça, e dando a mão pra sorte. Bem abstrata, mas dou a mão pra ela. Vocês estão vendo como somos tão amigos? Ela também é sua amiga, inclusive. Está te dando um Oi e batendo na sua porta, qualquer dia desses.

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