sábado, 23 de outubro de 2010

Quem [re]verbalmente somamos

Dia desses no shopping vi casalzinho de franja cobrindo os olhos, meias listradas e cintinho igual; passaram de novo por mim, e de novo e de novo. Depois da terceira, comecei a desconfiar que não era o mesmo casal e ainda assim, de todos que passavam, eu nunca conseguia distinguir qual era o menino e qual era a menina (nem simplesmente se eram dois meninos ou duas meninas.). É um tempo das tribos. Dos emos, dos indies, dos cantores de axé.. (não, esses últimos são atemporais.) As pessoas se agrupam, compartilham o que pensam, o que vestem, músicas nos Ipods e, dizem, o que são. Nessa parte, sobre o que se é, tenho lá minhas dúvidas. E algumas certezas.

Não nos bastamos e penso ser difícil que um dia possamos ser auto-suficientes. É típico de ser gente isso de se juntar. E vai ver que é ai que mora o crescimento. Encontros, conversas, trocas. Não se troca muito quando se é igual. (Ou quando estamos satisfeitos com o que somos prontoacabou.)

E é provável que cada encontro nessa vida seja um aprendizado, uma experiência ou no mínimo uma mentira nova pra contar. Quem mede os quais se junta perde mais do que pode calcular. Professor, Doutor .. até que sabem de umas coisas, mas bêbado de fim de festa, idoso em ônibus e criança perdida já me ensinaram boas coisas que nem no Google dá pra achar.

Pessoa disse, e eu não ouso não reproduzir direito, que 'Regra é da vida que podemos, e devemos, aprender com toda a gente. Há coisas da seriedade da vida que podemos aprender com charlatães e bandidos, há filosofias que nos ministram os estúpidos, há lições de firmeza e de lei quem vêm no acaso e nos que são do acaso. Tudo está em tudo.' É fato que está. Não podemos supor que o que nos vale estará de fato na biblioteca, Tesouro da Juventude.. tem dias que o que nos falta está na turma da Mônica ou lá em Calvin e Haroldo!
Pegando um pedaço desse comentário, me lembrei dum dia que fui sair com um ex-amigo, e nos apareceu um homem de idade, tomando um certo caudo (parecia bom!), e estava nos contando sobre um show de farras que ele foi, superlotado, onde havia tribos de todos os tipos... rockeiros, emos, riquinhos... muita coisa mesmo. Nos contou sobre uma menina, linda, por sinal. Que de repente ficou bébada, ou drogada, ninguém sabe ao certo, e se vendeu, por preços baratos.
Pergunto-me, (num bar!) um senhor de cadeira de rodas, tatuado, com dentes implorando o "stop" pro cigarros, cor de sol, dizer seu ponto de vista, que por sinal era bem formado, me surpreendeu.
Mas bom, voltando...

Somos aquela velha, batida e muito verdadeira história da colcha de retalhos, e quem chega aos 25 achando que já está bem costurado deixa de achar muito tecido, textura e caimento (ui) novo por aí. Até o fim estamos aprendendo, afinal ainda que já tenhamos visto tudo no mundo (o que nem Dercy viu.) ele, e as pessoas que estão nele, tornam a mudar a cada dia, não é? Não desperdicemos os encontros, as pessoas e os novos 'nós' que ele podem nos trazer. Diremos com quem andamos e qual parte de nós eles fizeram.

Marcadores: